Grito!

23:17 da noite! Noite de sexta-feira... E eu aqui. Em casa. Pijama, sono, livro... Hoje de tarde fui almoçar na casa da minha avó e minha avó não tava lá! No caminho pra casa dela, meu pai ouvia rádio... “Lembra de mim? Nós dois nas ruas, provocando os casais?! Amando mais do que o amor é capaz... Perto daqui... Há tempos atrás... Lembra de mim???”

Sempre que eu me faço essa pergunta, me pego assim: triste! Odeio ter que admitir isso, mas é exatamente assim que me sinto! Hoje assisti um episódio de Sex and the city em que uma das personagens, Charlotte, desabafava os problemas sentimentais de sua vida com uma mulher que mal conhecia... Bem típico de mim! Por isso, meu coração gela só de pensar “Por que será que eu não consegui dizer pra ninguém das coisas que andam se passando em meu coração, ultimamente com mais força do que nunca???”

Os sonhos de menina que sempre povoaram minha mente se preenchem dessa ausência... E eu sinto falta até do que me irritava! E me arrependo de todas as vezes que desejei que nada existisse porque hoje eu convivo com a realidade que um dia quis pra mim e de conforto ela não tem me trazido muita coisa... Sendo bem sincera, quase NADA!

Tenho enfrentado dias pintados de tons pastéis! Tenho esquecido de sorrir por dentro! Logo eu que dei tantas dicas pra se ter um ano especial! Aquela velha história do “Faça o que eu digo. Não faça o que eu faço!”. Ando acordando pelas 3h00 da madrugada, sedenta da certeza de que teria alguém do outro lado da linha... Mas, não é alguém! É ALGUÉM! Com nome, endereço e maneira de amar bem definidos!

Falta tanta coisa... Sobra tanto espaço! Tanta coisa pra ser dita no silêncio... Mas... São 23:52, noite de sexta-feira, eu aqui... Em tons pastéis!

Vazio

Olho pro que restou e sinto uma dor aguda... Daí, lembro do seu sorriso e da sua alegria... Lembro das tardes em que a gente passeava no shopping e, depois do almoço, a senhora sempre me perguntava se eu queria um “sorvetinho, minha filha”... Lembro que quando a gente chegava de algum lugar a senhora dava conta de tudo que tinha acontecido... Decifrava olhares, gestos e silêncios... Sábia a senhora!!!

Lembro que ninguém ficava com fome na sua casa... Sempre cabia mais um na mesa! Sempre cabia mais um no seu abraço... Abraço gostoso! Abraço de vozinha! Abraço de como é grande o meu amor por você...

Lembro da família inteira reunida, todos à sua volta, pra conversar, depois do almoço... E das gargalhadas que a senhora arrancava com a maior facilidade de cada um de nós! Como eram maravilhosos aqueles momentos... Como eu vou sentir falta de tudo! Até mesmo de sentar do seu lado e ver a senhora lutando pra ficar acordada e sendo dominada pelo sono, pra minutos depois dizer: “Eu não dormi nadinha minha filha! Fica uma coisa me puxando, me puxando...”

Own vó! Por que as pessoas têm que partir? Por quê? Como vai ser difícil acostumar com sua ausência física! Com a cadeira de balanço vazia... Como vou sentir saudades das suas discussões com Vera e de como, logo em seguida, a senhora pegava o telefone pra ligar pra gente e falar que Vera era ruim, com a voz cheia de amor... Amava os seus contraditórios...

Amarei pra SEMPRE a senhora!!! Até logo, minha gordinha.

Feliz 'Eu' Novo!!!

Enfim, chegou 2011. Veio trazendo sonhos de paz, prosperidade, sucesso, felicidade, saúde... Um monte de promessas sedentas de realizações... Mas, o que de fato mudou na passagem do ano??? Qual fenômeno da natureza aconteceu de modo diverso do que acontece todos os dias??? Será que vestir branco traz paz??? Será que apostar no rosa é certeza de romance no novo ano???

Vivemos sempre tentando colocar nos outros e nas outras coisas a responsabilidade pelo nosso bem estar, pela tal felicidade. Pensando em sermos mais felizes e realizados, a gente pula 7 ondas, come lentinha, faz simpatia... Tão bom se as coisas dependessem desses minúsculos gestos pra se tornarem verdades palpáveis...

Assim, espero que em 2011 muito mais do que usar branco você decida se vestir com verdade. Desejo que você aprenda a perceber que, mais importante que pular as 7 ondas, é necessário se despir do egoísmo e das mágoas. Que você aprenda a escolher melhor para que possa ter um ano realmente novo. Sabe por quê? Porque ano novo é todo dia!!! Todo dia você pode agir de modo a tornar sua vida e a dos que estão ao seu redor mais bonita. Não adianta se iludir achando que tudo vai mudar em 2011. Não! Quem tem que mudar e fazer de 2011 um ano melhor somos nós: eu e você!!!

Lembro muito de Carlos Drummond de Andrade no poema Receita de Ano Novo: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.” Então, Feliz 'Eu' Novo!!!